O NÓ DO AFETO
(Eloi Zanetti)
"Era uma reunião numa escola. A diretora incentivava os pais a
apoiarem as crianças, falando da necessidade da presença deles junto aos
filhos. Mesmo sabendo que a maioria dos pais e mães trabalhava fora, ela tinha
convicção da necessidade de acharem tempo para seus filhos.
Foi então que um pai, com seu jeito simples, explicou que
saía tão cedo de casa, que seu filho ainda dormia e que, quando voltava, o
pequeno, cansado, já adormecera. Explicou que não podia deixar de trabalhar
tanto assim, pois estava cada vez mais difícil sustentar a família. E contou
como isso o deixava angustiado, por praticamente só conviver com o filho nos
fins de semana.
O pai, então, falou como tentava redimir-se, indo beijar a
criança todas as noites, quando chegava em casa. Contou que a cada beijo, ele
dava um pequeno nó no lençol, para que seu filho soubesse que ele estivera ali.
Quando acordava, o menino sabia que seu pai o amava e lá estivera. E era o nó o
meio de se ligarem um ao outro.
Aquela história emocionou a diretora da escola que, surpresa,
verificou ser aquele menino um dos melhores e mais ajustados alunos da classe.
E a fez refletir sobre as infinitas maneiras que pais e filhos têm de se
comunicarem, de se fazerem presentes nas vidas uns dos outros. O pai encontrou
sua forma simples, mas eficiente, de se fazer presente e, o mais importante, de
que seu filho acreditasse na sua presença.
Para que a comunicação se instale, é preciso que os filhos
'ouçam' o coração dos pais ou responsáveis, pois os sentimentos falam mais alto
do que as palavras. É por essa razão que um beijo, um abraço, um carinho,
revestidos de puro afeto, curam até dor de cabeça, arranhão, ciúme do irmão,
medo do escuro, etc.
Uma criança pode não entender certas palavras, mas sabe registrar e gravar um gesto de amor, mesmo que este seja um simples nó.
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